O preço do leite produzido em abril no Brasil fechou em R$ 2,4576 por litro no “Média Brasil Líquida”, um aumento de 5,1% em comparação ao mês anterior. Este é o sexto aumento consecutivo, de acordo com um recente relatório de mercado do Cepea. Esse aumento consecutivo reflete um cenário de persistente desequilíbrio entre a oferta e a demanda do produto no país.

Portanto, no acumulado deste ano, os valores do leite subiram 18,7% em termos reais (as cotações foram deflacionadas pelo IPCA de abril de 2024). Esse ajuste inflacionário permite uma análise mais precisa dos aumentos de preços, mostrando uma tendência consistente de valorização do leite no mercado nacional.

As altas nos preços continuam relacionadas à queda na produção. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) caiu 0,37% de março para abril e 7,8% no acumulado de 2024. Essa queda na produção é um reflexo direto das condições adversas enfrentadas pelos produtores de leite em várias regiões do Brasil.

Além do baixo investimento no final do ano passado, o período de entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste e o atraso da safra no Sul, devido a condições climáticas desfavoráveis, reduziram a oferta de leite cru. As condições climáticas incluem chuvas excessivas em algumas áreas e secas prolongadas em outras, dificultando o manejo adequado das pastagens e a alimentação do gado leiteiro.

Assim, a competição entre empresas de laticínios e cooperativas por fornecedores, visando garantir a matéria-prima, manteve-se significativa, sustentando a tendência de alta. Esse cenário provavelmente continuará em maio, reforçado por aumentos acentuados nos preços do leite no mercado spot e pela especulação dos agentes, dados os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a atividade leiteira no estado. As enchentes causaram perdas consideráveis de gado e danos às infraestruturas das fazendas, agravando ainda mais a situação de oferta.

No entanto, a tendência de alta pode perder força a partir de junho. Espera-se que a entrada da nova safra no Sul do país, junto com possíveis melhorias nas condições climáticas, possa estabilizar os preços. A recuperação gradual dos pastos e a retomada dos investimentos em tecnologias e melhorias na produção também são fatores que podem contribuir para um equilíbrio no mercado.

IMPORTAÇÕES – Dados da Secex indicam que as importações totalizaram quase 774 milhões de litros de janeiro a abril, 15% a mais do que no mesmo período do ano passado. Esse aumento nas importações visa suprir a lacuna deixada pela produção nacional reduzida. Os países fornecedores incluem Argentina e Uruguai, que são tradicionais exportadores de leite para o Brasil. A qualidade e o preço competitivo do leite importado ajudam a manter o abastecimento no mercado interno, embora não sejam suficientes para evitar os aumentos de preços.