O ministro de Energia do Brasil afirmou que a Arábia Saudita planeja investir US$ 15 bilhões no país sul-americano, fortalecendo as já robustas relações econômicas baseadas principalmente em mineração, carne e petróleo.

A Arábia Saudita está prestes a investir bilhões de dólares no Brasil, disse um funcionário brasileiro em uma conferência no Rio de Janeiro esta semana, enquanto a mineração, o comércio e os desenvolvimentos geopolíticos impulsionam o interesse do reino no país sul-americano.

O ministro de Energia do Brasil, Alexandre Silveira, disse a jornalistas na cúpula do Instituto FII na quarta-feira que o Fundo de Investimento Público (PIF) da Arábia Saudita planeja investir cerca de US$ 15 bilhões no Brasil. Os investimentos serão feitos em setores como hidrogênio verde, infraestrutura e energia renovável, afirmou, segundo a Reuters. O fundo soberano não comentou imediatamente.

O Instituto FII, uma organização sem fins lucrativos saudita apoiada pelo PIF, está organizando sua cúpula Invest in Dignity no luxuoso hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. O instituto foca em investimentos que têm um “impacto positivo na humanidade”, incluindo inteligência artificial, educação, saúde e sustentabilidade. O governador do PIF, Yasir Al-Rumayyan, é o presidente do instituto, segundo seu site.

A cúpula deste ano começou na terça-feira, terminará na quinta-feira e é a primeira a ser realizada na América Latina. Conta com apresentações e reuniões focadas em IA, tecnologia, energia e na “Geoeconomia de uma Nova Ordem Global”, conforme a programação oficial.

Por que é importante: Entre as empresas brasileiras representadas no evento estão a multinacional de mineração Vale, o gigante do processamento de carne JBS S.A. e a plataforma de banco digital Nu Holdings Ltd, segundo a Bloomberg.

Tanto a mineração quanto a carne são particularmente relevantes para a relação entre a Arábia Saudita e o Brasil. De acordo com a Bloomberg, o Brasil, que é o maior fornecedor mundial de carne halal, começou a exportar frango para a Arábia Saudita na década de 1970. No mês passado, a Manara Minerals da Arábia Saudita comprou 10% do negócio de metais da Vale por US$ 2,5 bilhões.

O reino está interessado em desenvolver seu setor de mineração e lançou um programa de incentivo de US$ 182 milhões para atrair investidores em março.

O comércio entre a Arábia Saudita e o Brasil é amplamente baseado em carne e energia no momento. O Brasil exportou US$ 2,92 bilhões para a Arábia Saudita em 2022, dos quais 29% eram carne de aves. A Arábia Saudita exportou US$ 4,78 bilhões para o Brasil naquele ano, principalmente petróleo bruto e refinado, segundo o Observatório de Complexidade Econômica.

Saiba mais: O Instituto FII aconteceu concomitantemente com a reunião do BRICS na Rússia, que terminou na terça-feira. O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Príncipe Faisal bin Farhan, viajou para a cidade russa de Nizhny Novgorod para o evento, e o Brasil, membro fundador do BRICS, enviou seu ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

A Arábia Saudita foi convidada a se juntar ao BRICS no ano passado, juntamente com os Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia. Esses quatro países se juntaram em janeiro, mas a Arábia Saudita ainda está considerando a oferta.

O programa da cúpula do Instituto FII destacou o BRICS como parte do tema “Geoeconomia de uma Nova Ordem Global”.

Em novembro do ano passado, o Brasil decidiu se juntar ao grupo de produtores de petróleo liderado pela OPEP+, mas o presidente Lula da Silva disse no mês seguinte que Brasília busca apenas um papel de observador.