A estrada para ver a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Brasil, é sinuosa e íngreme. As árvores e a vegetação densa da floresta tropical da Tijuca cercam o caminho, criando um contraste com a grandiosidade da cidade que se revela aos poucos. Quando finalmente se chega ao topo, a visão que se tem é deslumbrante: o Cristo Redentor, de braços abertos, acolhe todos que se aproximam.
Este ícone não é apenas uma das imagens mais reconhecidas do Rio de Janeiro, mas também um símbolo profundo da fé que está enraizada na alma desta cidade. A estátua, que parece flutuar acima das montanhas, tornou-se um marco de devoção e espiritualidade para milhões de pessoas ao redor do mundo.
No entanto, poucos sabem a verdadeira história do porquê a estátua foi construída no Corcovado. Para muitos, é simplesmente um ponto turístico imperdível, mas sua origem carrega uma mensagem de humildade e gratidão.
A história começa em 1888, quando a Princesa Isabel, então regente do Brasil, assinou a Lei Áurea. Este documento histórico, composto por apenas 18 palavras, pôs fim à escravidão no Brasil, o último país das Américas a abolir essa prática cruel. Isabel tomou essa decisão enquanto seu pai, o Imperador Dom Pedro II, estava fora do país. Sua ação trouxe liberdade para mais de 700 mil escravizados, mudando para sempre o destino da nação.
Por esse feito monumental, a princesa foi chamada de “Redentora do Brasil”, celebrada como a salvadora de milhares de vidas. Havia então um movimento crescente para homenageá-la com uma estátua, que seria erguida em sua honra. No entanto, fiel à sua fé católica e à sua crença na modéstia, Isabel recusou a homenagem. Em vez disso, ela insistiu que qualquer monumento erguido deveria glorificar não a ela, mas a misericórdia e o amor de Deus.
Assim nasceu a ideia do Cristo Redentor. A proposta foi ganhando força ao longo das décadas seguintes, com vários arquitetos e engenheiros envolvidos na construção de um símbolo que representasse tanto a fé do povo brasileiro quanto a gratidão a Deus. Após anos de planejamento, a construção da estátua começou oficialmente em 1922, como parte das comemorações do centenário da independência do Brasil. A obra foi finalmente concluída em 1931.
Hoje, quase 2 milhões de pessoas visitam o monumento todos os anos. Ele se ergue imponente, a 710 metros de altura no topo do Corcovado, oferecendo uma vista panorâmica espetacular da Baía de Guanabara, das praias de Copacabana e Ipanema, e da imponente montanha Pão de Açúcar.
Em 2007, a curiosidade mundial sobre o Cristo Redentor levou a estátua a ser nomeada uma das novas sete maravilhas do mundo, um título que solidificou ainda mais seu status como símbolo global. A cerimônia de nomeação foi um evento de grande orgulho para os brasileiros, que veem no monumento não apenas um símbolo de sua fé, mas também da hospitalidade e generosidade de seu povo.
A estátua em si é uma obra-prima de engenharia e arte. Ela tem 30 metros de altura, sem contar o pedestal de 8 metros sobre o qual se ergue. Os braços estendidos de Cristo, em um gesto de boas-vindas e proteção, alcançam 28 metros de uma ponta à outra. Feita de concreto armado e revestida por milhares de pequenas peças de pedra-sabão, a estátua é resistente tanto ao tempo quanto às intempéries, mantendo-se firme ao longo das décadas.