Em preparação para a próxima edição do World Baseball Classic, os Estados Unidos anunciaram Aaron Judge, astro do New York Yankees, como capitão da equipe. Poucos dias depois, Francisco Lindor confirmou seu retorno como capitão de Porto Rico. Agora, outro nome de peso mostra interesse em participar do torneio — Bo Bichette.
O shortstop do Toronto Blue Jays e duas vezes All-Star da MLB pretende defender a seleção brasileira, país natal de sua mãe, Mariana. Apesar de ter direito de jogar pelos Estados Unidos, já que seu pai é o ex-jogador da liga principal Dante Bichette, a escolha foi fácil. Assim que o Brasil garantiu a vaga na competição principal, a federação entrou em contato com o atleta.
A conexão com a equipe brasileira é ainda mais forte por um motivo familiar: Dante Bichette Jr., irmão mais velho de Bo, foi peça importante na classificação do Brasil durante as Eliminatórias de Tucson em março, registrando quatro rebatidas em quinze oportunidades e impulsionando duas corridas. Agora, os irmãos planejam se reencontrar em campo, como fizeram em 2016 nas eliminatórias em Brooklyn, quando Bo tinha apenas 18 anos.
A expectativa entre os familiares que vivem no Brasil é grande. Para eles, a participação dos irmãos na seleção é motivo de orgulho.
“Meus avós viraram grandes fãs de beisebol por nossa causa”, contou Bo. “Sei que estão animados. Meu objetivo é ajudar o time a vencer e, quem sabe, trazer mais visibilidade para o beisebol no Brasil. Acho que isso significaria muito para toda a minha família.”
Para Bichette, vestir a camisa da seleção brasileira é mais do que uma honra: é uma missão. O número de praticantes de beisebol no país tem diminuído e o esporte não recebe a mesma atenção que outros, como o futebol.
“Espero que eu possa atrair mais atenção para o beisebol no Brasil. Existem atletas incríveis e talentosos por lá. O WBC é uma grande oportunidade para nós”, destacou o jogador.
Curiosamente, apesar do histórico do pai nas ligas norte-americanas, o sonho de infância de Bo não era jogar na MLB, e sim no Japão. Sua inspiração veio ao assistir o irmão mais velho na Little League World Series de 2005. Na época, Bo ficou encantado com o estilo de jogo da equipe japonesa.
“Eles pareciam incríveis e eu queria jogar com eles. Lembro de encher minha mãe de perguntas como: ‘Como posso jogar no Japão?’ ou ‘Qual é o melhor jeito de ser elegível para jogar lá?’”
Hoje, mesmo atuando na Major League Baseball, Bichette terá a chance de jogar ao lado de atletas com ligação ao beisebol japonês dentro da equipe brasileira. O esporte chegou ao Brasil no início do século XX, trazido por imigrantes japoneses, e essa herança cultural ainda é presente na estrutura e no estilo da equipe nacional.
A seleção brasileira é comandada por Yuichi Matsumoto, ex-jogador profissional nascido em São Paulo e atualmente treinador do Yakult Swallows na NPB (liga japonesa). O elenco ainda conta com nomes como Bo Takahashi, arremessador com passagens pela NPB, e Vitor Ito, interbases e tradutor do Hanshin Tigers. A tendência é que o estilo de jogo da equipe tenha influência japonesa mais forte do que a americana.
Com uma mescla de culturas e talento familiar, a participação de Bo Bichette promete não apenas reforçar o time, mas também reacender o interesse pelo beisebol no Brasil, mostrando que o país tem potencial para brilhar em torneios internacionais.